Mais de mil famílias serão beneficiadas em projetos habitacionais em Caxias do Sul

Miguel Rodrigues, 84 anos, é um dos moradores ao longo da rede ferroviária, no Vila Amélia, que será transferido - Daniela Xu
O governo federal anunciou R$ 142 milhões para três grandes projetos habitacionais em Caxias do Sul, com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC). Mais de mil famílias de três áreas irregulares serão beneficiadas.

No loteamento Portinari, nas proximidades do bairro Cruzeiro, a doméstica Maria Antunes de Jesus, 44 anos, vai habitar uma das 120 casas que serão construídas. As famílias serão reassentadas, mas não precisarão deixar o Portinari. O loteamento será regularizado e receberá infraestrutura. O custo ficará em torno de R$ 6 milhões.

— Uma casa de material duraria bem mais. A nossa é de madeira, e atrás da casa está tudo podre, porque ela foi feita na corrida — diz Maria.

Outro projeto, estimado em R$ 31 milhões, é remover cerca de 360 famílias instaladas em 17 quilômetros da faixa de domínio da Rota do Sol. O trecho vai desde o viaduto da BR-116, em São Ciro, até o outro viaduto (torto), no entroncamento com a RS-122. Os moradores irão para o novo loteamento São Genaro. A área fica entre o Reolon e o Mattioda e terá escola, posto de saúde, parque e praças.

A  balconista Ariane Silveira, 19, acredita em um futuro melhor para o filho Marcos Gabriel, dois, em um novo ambiente. Atualmente, ele brinca em uma pequena varanda na casa, às margens da Rota do Sol.

— Eu não gosto de morar aqui por causa dos acidentes. Quando tu vê, quase tem uma carreta entrando na tua casa — reclama.

Outras 650 famílias que estão em área irregular ao longo dos trilhos, do trecho da Pedreira Guerra até o centro do Desvio Rizzo, serão transferidas. O projeto selecionado pelo PAC 2 necessita de pelo menos R$ 85 milhões para a retirada dos moradores. Cerca de 250 famílias seriam removidas para o novo loteamento São Genaro. Para o restante, a prefeitura ainda não decidiu qual área irá destinar.

Há 12 anos, quando o aposentado Miguel Rodrigues, 84 anos, se instalou às margens da rede ferroviária, no bairro Vila Amélia, ainda dava para ver os trilhos do trem, inaugurados há 100 anos.

— Hoje a gente não vê mais, porque roubaram ou porque estão enterrados na rua — explica o morador.

A desapropriação da antiga estrada de ferro também é necessária para viabilizar outro plano da prefeitura, urbanizar com parques e ciclovias o trecho da Estação Férrea até o Desvio Rizzo.

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