A horas de anunciar plano para Afeganistão, governo dos EUA segue dividido sobre tamanho da retirada das tropas

Obama pode decidir retirar 5.000 soldados agora e mais 5.000 na virada do ano. Em 2012, mais tropas iriam embora. Só que chefes militares estão temerosos

O aguardado anúncio do presidente Barack Obama sobre a retirada de tropas americanas do Afeganistão já está marcado - será na noite desta quarta-feira, no horário nobre da televisão nos Estados Unidos. O recado a ser transmitido à população, porém, não está totalmente definido. A apenas algumas horas de discursar à nação, Obama segue enfrentando uma divisão de opiniões dentro do governo. Ele quer anunciar pelo menos alguns números e prazos para o retorno dos soldados. Os comandantes militares, porém, pressionam para que o contingente de tropas de combate a ser retirado do país seja pequeno, para não prejudicar o combate.

Hoje, os EUA têm cerca de 100.000 soldados no Afeganistão, incluindo 30.000 que foram enviados ao país desde que Obama decidiu pela estratégia de reforço no contingente - em uma fase da guerra em que o Talibã vinha ganhando terreno na luta contra os americanos e seus aliados. Obama deve anunciar na noite desta quarta que esses 30.000 soldados de reforço começarão a ser retirados do país já em julho - seriam 5.000 no mês que vem. Outros 5.000 iriam embora no fim do ano. Sobre o prazo de retirada dos 20.000 restantes, ainda há dúvidas - mas a imprensa americana informa que Obama quer concluir essa retirada durante 2012.

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Os retornos dos soldados aos EUA colocariam os americanos no caminho da retirada total do Afeganistão. Essa meta, contudo, está muito distante. Acredita-se que seja possível entregar aos afegãos o controle total de sua segurança em 2014, momento em que o papel das tropas americanas passaria de combate para treinamento e apoio logístico às forças locais. Obama traçou sua estratégia uma semana depois de ouvir várias opiniões sobre o que fazer. Foram consultados o general David Petraeus, o secretário de Defesa Robert Gates e a secretária de Estado Hillary Clinton. "Mas o presidente é quem toma a decisão", avisou seu porta-voz.

Nas últimas semanas, Obama vem sendo pressionado a acelerar a retirada. Os integrantes do Congresso já manifestaram formalmente sua vontade de ver parte das tropas voltando para casa. Pesquisas de opinião mostram que os americanos estão cansados da guerra - que completa dez anos em outubro - e que também querem uma retirada. Mas as ações dos insurgentes afegãos estão em alta - nesta quarta, por exemplo, seis agentes de segurança afegãos foram mortos num atentado cometido por talibãs. O desafio de Obama - que disputa a reeleição em 2012 - é iniciar essa retirada sem fazer o país mergulhar num caos ainda maior.

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