Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que vão reduzir a escala dos ataques contra o sistema de defesa aérea da Líbia, diante do sucesso da implementação da zona de restrição aérea no país. A ideia é estabelecer as condições para uma missão de ajuda humanitária no país.
A mudança de foco vem horas depois da queda de um avião militar americano na Líbia, aparentemente perto do reduto rebelde de Benghazi (leste), a primeira baixa nas forças da coalizão internacional desde o início da operação Aurora da Odisseia, no sábado passado (19).
O secretário de Defesa americano, Robert Gates, e outras autoridades americanas disseram que os EUA vão reduzir sua participação nos próximos dias, já que não há mais necessidade de amplas ofensivas como os mais de 110 mísseis de cruzeiro lançados entre sábado e domingo de navios e submarinos na costa da Líbia.
A ideia, contudo, inclui também passar boa parte da missão militar aos outros países envolvidos, como França, Reino Unido, Espanha e Itália. Os EUA continuariam apenas com ataques de menor escala.
Na véspera, o comandante da coalizão, general Carter Ham, já dissera que a primeira fase da missão militar foi um sucesso e que o foco mudava do combate direito das tropas do ditador Muammar Gaddafi em Benghazi para a ampliação da zona de restrição aérea.
Uma fonte da Defesa americana disse, em condição de anonimato, que os ataques já reduziram a capacidade de defesa aérea de Gaddafi em 50%. Desta forma, a coalizão pode focar em expandir a zona de restrição de uma faixa litorânea e sobre Benghazi, para mil km, até a capital Trípoli.
ACIDENTE
Mais cedo, a imprensa divulgou que um F-15E Strike Eagle dos Estados Unidos caiu na noite desta segunda-feira na Líbia. Os dois pilotos a bordo conseguiram se ejetar e estão bem, segundo o Comando Americano na África.
Vince Crawley, porta-voz do comando, disse que ambos os pilotos sofreram ferimentos leves. Eles usaram paraquedas para se ejetar do F-15E Strike Eagle, ainda em uma grande altitude, e acabaram caindo em lugares diferentes. Um deles foi encontrado pelos rebeldes, o outro foi resgatado por um avião de resgate e salvamento da Marinha americana.
A aeronave partiu da base italiana de Aviano, como parte da operação Aurora da Odisseia. A queda ocorreu às 19h30 de segunda-feira.
O comando não divulgou o local do acidente, mas o correspondente do jornal britânico "Daily Telegraph" disse ter encontrado os destroços perto de Benghazi.
A causa da queda está sendo investigada, mas segundo o correspondente do jornal britânico, o F-15E Eagle americano sofreu uma falha mecânica.
"Acabei de encontrar um avião de guerra dos EUA em um campo. Acredito que uma falha mecânica causou a queda", disse o correspondente do jornal Rob Crilly, em seu Twitter. "O avião caiu ontem a noite. A tripulação estaria bem", disse Crilly, que cobre os conflitos nos arredores de Benghazi.
A Força Aérea dos EUA disse que aviões B-2, F-15 e F-16 estão participando das operações na Líbia. Eles estão sendo coordenados pelo Comando Americano na África, que tem como base Stuttgart, na Alemanha.
VÍTIMAS
Apesar dos ataques da coalizão internacional, as forças de Gaddafi mantêm ampla ofensiva contra os rebeldes.
Um morador, citado pela agência de notícias Reuters, diz que ao menos 40 mortos na segunda-feira por forças leais ao ditador na cidade rebelde de Misrata.
O morador, Mohammed Ahmed, disse que o número lhe foi passado por um membro do comitê rebelde encarregado do atendimento médico. Ele não especificou quantos dos mortos eram civis e quantos eram combatentes.
Nesta terça-feira, os moradores de Misrata voltaram a relatar bombardeios das forças governistas.
"A situação está muito ruim. Os tanques começaram a atacar com artilharia nesta manhã", disse um morador que se identificou apenas como Mohammed. "Franco-atiradores estão participando da operação também".
Ele afirma que as vítimas da ofensiva incluem quatro crianças, a mais velha com 13 anos, que estavam em um carro atingido pela artilharia.
Testemunhas em Zintan, perto da fronteira com a Tunísia, disseram que a cidade foi atacada novamente nesta terça-feira, com artilharia pesada.
Várias casas foram destruídas, assim como o minarete de uma mesquita.
"Novas forças foram enviadas hoje para dominar a cidade. Há ao menos 40 tanques no pé das montanhas perto de Zintan", disse Abdulrahmane Daw.
As informações não puderam ser verificado independentemente e autoridades líbias não confirmaram.
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