"Se você me perguntar se quero cobrir outra guerra", disse em julho passado à Folha o aclamado fotógrafo e documentarista britânico Tim Hetherington, "a resposta é 'nem um pouco'". Mas ele não pôde ficar longe. Foi nos conflitos na Líbia que Hetherington morreu, ontem, aos 41.
Ele é ao menos o terceiro jornalista morto no país, cada vez mais perigoso para repórteres. Hetherington foi atingido por tiros de morteiro que também feriram mais três fotógrafos na cidade de Misrata (oeste).
O americano Chris Hondros, da agência Getty, também morreu após ficar hospitalizado. Guy Martin, da agência Panos, e Michael Brown, freelancer, foram tratados por ferimentos mais leves.
Um dos primeiros a informar do ataque foi o fotógrafo brasileiro André Liohn, que publicou notas na internet, no site Facebook, a partir do hospital ao qual os feridos foram levados. Liohn estava no grupo de jornalistas que sofreu o ataque, mas não foi atingido.
Misrata está sob controle de rebeldes anti-Muammar Gaddafi e sitiada por forças do governo, que a atacam continuamente. Ao menos sete civis líbios morreram, assim como um médico ucraniano, e cerca de 120 pessoas ficaram feridas nos bombardeios de ontem.
Há pouco mais de uma semana, vários jornalistas que estavam cobrindo os confrontos no leste decidiram driblar pelo mar o bloqueio terrestre imposto pelas forças de Gaddafi. Liohn e Hetherington estavam no grupo que chegou a Misrata após uma travessia de mais de 30 horas no golfo de Sirte.
As últimas afirmações de Hetherington no microblog Twitter diziam: "Na sitiada cidade líbia de Misrata. Forças de Gaddafi bombardeiam indiscriminadamente. Nenhum sinal da Otan [aliança militar ocidental]."
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