Japão pede ajuda aos EUA para esfriar reatores nucleares

O Japão pediu formalmente aos Estados Unidos ajuda para resfriar os reatores nucleares do complexo de Fukushima Daiichi, danificado pelo terremoto devastador da última sexta-feira (12).

Mais cedo, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, afirmou que é "muito improvável" que a crise nuclear japonesa se compare à explosão da usina nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, em 1986.

"O governo japonês pediu oficialmente ajuda aos Estados Unidos", indicou a Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC). "A NRC estuda a resposta que dará a este pedido e que compreende o aconselhamento técnico".

A comissão já mandou ao Japão dois funcionários com conhecimento em reatores nucleares com água, como parte de uma equipe da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID).

Mais cedo, Amano disse que o Japão pediu oficialmente ao organismo da ONU que envie uma equipe de especialistas para ajudar na atual crise nuclear.

"Hoje, o governo do Japão pediu à agência que enviemos missões de especialistas. Estamos discutindo os detalhes com o Japão", afirmou Amano aos representantes dos Estados membros durante uma reunião de informação técnica a portas fechadas na sede da AIEA em Viena.

A AIEA fez uma oferta formal ao governo japonês imediatamente depois do terremoto e tsunami de sexta-feira passada, que provocaram graves danos a três dos seis reatores nucleares da usina de Fukushima.

Amano disse que é muito improvável um acidente nuclear do porte de Tchernobil no Japão, onde três reatores do complexo de Fukishima Daiichi estão em risco após forte terremoto.

Em entrevista coletiva, Amano afirmou que há várias diferenças entre as duas usinas nucleares --incluindo design e estrutura.

O terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o Japão na sexta-feira (12), seguido por um tsunami, causou danos ao sistema de refrigeração de três dos seis reatores de Fukushima. Os reatores estão aquecendo em níveis perigosos e as autoridades correm para evitar um derretimento das barras de combustível nuclear --que aumentaria o risco de danos ao reator e de um possível vazamento nuclear, segundo especialistas.

O maior temor é de um grande vazamento de radiação do complexo em Fukushima, 240 quilômetros ao norte de Tóquio. Em 1986, uma explosão na usina nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, causou um vazamento de grandes proporções.

Mais cedo, as barras de combustível do reator nuclear 2 agora estão totalmente expostas, informou a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., citada pela agência de notícias Kyodo.

As barras, formato no qual o urânio é moldado dentro do reator, haviam ficado expostas parcialmente mais cedo, mas os especialistas conseguiram estabilizar a situação, utilizando inclusive água do mar para aumentar o nível de água do sistema de resfriamento.

A Tokyo Electric Power Co. diz que a exposição ocorreu porque o canal de ventilação do vapor produzido pelo aquecimento do reator foi fechada acidentalmente nesta segunda-feira, causando uma nova e repentina queda do nível de água de resfriamento.

O governo japonês alertou as pessoas que vivem num raio de 20 quilômetros em torno da usina a não saírem de casa. Segundo a Kyodo, 80 mil pessoas foram retiradas da área, somando-se a outros 450 mil desabrigados do terremoto e do tsunami.

Os engenheiros trabalhavam desesperadamente para resfriar as barras de combustível nuclear na usina neste fim de semana, mas não conseguiram evitar duas explosões no reator 3, por causa do acúmulo de hidrogênio. A Tokyo Electric Power Co. disse que 11 pessoas ficaram feridas na explosão.

A explosão foi similar à ocorrida no sábado (13) no reator número 1 dessa unidade e, igual a essa ocasião, não causou danos em seu recipiente primário nem vazamento maciço de radiação, segundo o governo.

O porta-voz do governo, Yukio Edano, afirmou mais cedo que os responsáveis pela unidade têm 'tudo preparado' para injetar água do mar no reator, a fim de tentar controlar sua temperatura.

Especialistas nucleares disseram, contudo, que é provavelmente a primeira vez em 57 anos da indústria nuclear de que a água do mar tem sido usado desta forma, num sinal de como o Japão pode estar próximo de um acidente grave.

"A injeção de água do mar em um núcleo é uma medida extrema", disse Mark Hibbs, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. "Isso não está de acordo com os manuais."

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